Quando eu tinha 20 anos, queria ser um profissional. Aos 40, quero ser apenas um estudante.
Escolhi a “gambita da Rainha” para ilustrar essa postagem porque tem uma temática aí que também é conhecida e apreciada: o retrato. Sempre foi algo que nunca me aprofundei. Mesmo que a intenção não seja retratar de fato, um retrato (humano) possui os mesmos elementos: olhos, nariz, boca, orelha, formato do rosto, cabelo. É muita informação dentro de uma área tão limitada como é a cabeça. Não quero nem entrar na parte psicológica, minha abordagem ainda é técnica mesmo.
Pego desenhos antigos meus e vejo como as “lacunas” foram preenchidas do jeito que dava. Antes de partir para o estudo sobre a personagem interpretada pela atriz Anya Taylor-Joy, passei uns dias praticando as partes (olhos, nariz, boca, proporções) a partir de outras fontes (Pinterest e YouTube, mesmo). Realmente fez diferença. Parece óbvio, né? Nem de longe o que fiz está bom, é um exercício. Sem prazo de entrega, sem cobrança externa, apenas o prazer e a satisfação de aprender, ou pelo menos de conhecer um pouco mais. E é o que dá pra fazer com o que tenho hoje.
Gosto de tirar fotos do processo, mas isso implica parar, o que nem sempre é bom, porque é como se a gente saísse do “estado alterado de consciência” que o desenho também provoca. Foram apenas 2. A fase mais “inacabada” parece até melhor, o que é outra armadilha: parar no meio, no esboço, “se eu puser mais uma linha, mais cor, mais tinta, vou cag… tudo”. Mas tem que ir em frente. Se “cagou” tudo, beleza, é apenas exercício, serve pra isso mesmo. Essa é uma das vantagens do estudo. Além de outras mais.
Se eu pudesse, pararia de trabalhar de forma profissional, apenas para estudar “profissionalmente”. Não dá ainda, mas muita coisa vai se ressignificando com o tempo.