Com quantos acordes se faz um render?

Quando saí de Salvador, meu objetivo era estudar 3D. Aproveitei q havia uma especialização em São Paulo oferecida pelo Senac e encarei o desafio. Em um ano e meio eu havia terminado o curso e estava pronto para o mercado de trabalho de 3D. Estava?

O mundo dá voltas e acabei indo trabalhar na Conspiração Filmes, no Rio de Janeiro. Foi uma boa experiência, mas devo dizer q a “fase” do 3D havia passado. Na verdade nunca consegui fazer algo em 3D de q me orgulhasse ou simplesmente gostasse. E olha q me dediquei.

Em Salvador, comecei a “tatear” usando 3DMax. Em São Paulo, o programa adotado pelo Senac foi o Softimage/XSI. No Rio, tive q aprender um pouco de Maya. Quando dirigi Rockstar e a Origem do Metal, baixei uns tutoriais e fiz algumas coisas usando 3DMax novamente. E só.

Há alguns meses resolvi comprar uns cursos de Blender e ZBrush e os deixei “na gaveta” desde então. Mais recentemente resolvi me dar uma nova chance. Resgatei o curso de Blender, extremamente técnico, mas com o seu valor, pois me deu dicas de teclas de atalho e comandos burocráticos, e tb comecei a assistir às aulas de ZBrush. Como diz o ditado, o diabo não é tão feio como parece, mas precisa de uma boa dose de paciência e perseverança para vencer o primeiro grande obstáculo desses programas: digerir a interface. O Blender é um programa mais “amigável” nas versões mais recentes (para mim q sou iniciante), mas o ZBrush realmente exige dose extra de força. É como andar de bicicleta e depender das “rodinhas” o tempo todo no começo. Um dia, vc percebe q ganha equilíbrio e pede ao pai para tirar as rodinhas da bike (foi assim comigo). Passa-se de fase, ganha-se confiança e… novos desafios.

Desde o período em q estudei e abandonei o 3D até hj, minha bagagem artística aumentou. Ao trabalhar num estúdio de animação, pude ter contato com profissionais excelentes em diversas atividades: exímios desenhistas, arte-finalistas, coloristas… Essa experiência foi se somando ao meu repertório, de forma q ao abrir novamente um programa de 3D, algumas coisas eu já sabia, ou melhor, aquilo que eu não sei não me causou assombro.

Há um bom tempo venho desenvolvendo meus “personagens” baseados em números e conceitos matemáticos. Como cartunista, fui trabalhando um estilo, uma linguagem. Ainda estou aperfeiçoando o traço, o design, mas um universo surgiu e me tornei íntimo dele. Meu desafio então foi migrar esse universo, tão familiar no cartum, no bidimensional, para um ambiente tridimensional, guardando as devidas proporções e características próprias de cada meio.

Até agora o q “sei” de 3D é algo como 3 ou 4 acordes de violão. O q dá pra fazer com isso? Olha, eu não vou tocar MPB ou música erudita com um repertório tão acanhado, mas uma coisa é certa: posso me divertir!

Rabisquei um cartum no caderno e reuni alguns estudos de desenho sobre números q venho fazendo recentemente. Usei esse material como meu primeiro “job” e mesmo receoso da autocobrança, fui vencendo as etapas, principalmente a de iluminação e aplicação de materiais, verdadeiros “fantasmas” da época da especialização.

Fiz a modelagem e os renderings no Blender e terminei a composição usando o Photoshop. Os balões foram aplicados depois. Abaixo algumas imagens do processo todo, bem como o resultado final.

zoneca.3zoneca.1zoneca.4

Po

 

Com quantos acordes se faz um render?